para Elódia
Menina dos olhos da menina dos olhos verdes,
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Vejam nesse mundo apenas o que nele se possa ver de mais alegre.
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Contemplem a sutileza com que a aurora se desprende dos pássaros
E frouxamente se evapora ao descruzarem-se os primeiros raios do sol
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Assistam o sopro tépido da madrugada tocando as teias da alvorada
E a neblina erguer suas palmas à brisa e se dispersar extraviada pela luz
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Observem a beleza pálida da fria e monótona tarde de outono,
Que melancolicamente desmaia, revestida de sono, sonho e esquecimento
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Descubram que as borboletas nascem das flores, e observem,
Tão logo amanheça, as débeis asinhas desprendendo-se das pétalas
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Acompanhem a coreografia desorientada e majestosa dos ventos,
Pouco antes de as nuvens desabotoarem as primeiras gotas de chuva
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Comovam-se ao verem a noite escorrer dentre as frestas do silêncio
E se estender pela amplidão do firmamento, até a goela bocejante da madrugada
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Admirem o brilho fósforo na retina acrílica das estrelas,
Como se fosse a única noite em que houvesse estrelas no céu
Menina dos olhos da menina dos olhos verdes,
Faça com que os olhos da menina dos olhos verdes
Façam a menina dos olhos verdes sorrir
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